Quem chama a Kombi de carro está enganado.
Ela até pode ter sido concebida como tal, mas assim como o filho de um militar se rebela e vira hippie, a Kombi abandonou o mundo efêmero dos carros do ano para se tornar um ícone, um estilo de vida.
Sua ligação com o universo alternativo vem desde a década de 1960. Esteve sempre estreitamente ligada ao sonho de liberdade, de paz e amor. Faz pouco de valores como potência, design, exclusividade ou ostentação.
A Kombi é naturalmente generosa, familiar, maternal. Transporta alegremente nove pessoas, até doze nos modelos mais modernos. Quando preciso, fornece abrigo e colo para viajantes sem pouso. Para isso, as modelo Luxo, como a minha Hebe, possuem cortininhas que preservam a privacidade do hóspede. Como tão bem escreveu um poeta que eu não me recordo o nome, Kombi, até quando morre é útil, vira quiosque.
A perua, como se dizia nos meus tempos de menino, não tem compromisso com a aerodinâmica, com a estética, com a velocidade, e infelizmente, nem com a economia.
Um motorista de Kombi tem que ter sensibilidade para entender que ela é uma companheira prestativa e temperamental, não uma máquina obediente. Uma Kombi de caráter se recusa ser pilotada ou dirigida. Ela quer ser conduzida. Como uma dama numa dança de salão. Sua direção com folga crônica obriga o condutor a delicadamente sugerir para onde pretende ir. Ela tem ritmo próprio. Não se constrange nas subidas, pede uma terceira lenta e barulhenta, ou ainda, uma segunda, e mata de vergonha o motorista que não assimilou seu espírito “ to nem aí”.
Mas ela não para, não desiste, vai sempre em frente, persistentemente... Até que a bomba de gasolina esquente e emperre. Mas isso faz parte de seu jeitinho de viajar, como uma vovó, que pára a cada 30 km para fazer xixi e se refrescar. Basta fazer uma pausa, apreciar a paisagem e colocar um paninho úmido sobre a bombinha enfartada, logo ela volta a funcionar. Falando em paninho, que é um dos itens indispensáveis para viajar com a Kombi, deve-se levar sempre uma correia do alternador, canivete suíço, alicate, chave inglesa, fita isolante, água-potável e um rolo de arame. Quase tudo que costuma quebrar nela se conserta com esse kit-sobrevivência. Para ficar emocionante mesmo, o ideal é levar apenas isso e esquecer o celular em casa.
Essas “rebordosas de velha hipponga” são perfeitamente aceitáveis se levarmos em consideração tudo que ela nos oferece. Além do que já contei lá em cima, tem o banco dianteiro inteiriço que é um verdadeiro sofá para se namorar enquanto dirige. Qual outro veículo tem isso hoje em dia?
Qualquer viagem de 100 km leva mais de uma hora e meia pra ser concluída, tempo suficiente até para se arrumar uma namorada, ela se aconchegar no seu ombro e mesmo cochilar com a cabeça no seu colo (leia o post A PRIMEIRA VIAGEM).
Quando amigos se reúnem nela, sempre aparece alguém com um violão. A Kombi permite que o artista viajante toque como se estivesse na sala de sua casa, há espaço de sobra e até acústica adequada, enquanto parada.
Por essas e por outras que reafirmo: Kombi não é carro. É um conceito, uma maneira mais humana, romântica e lenta de se deslocar de um lugar para outro. Só os poetas e os loucos podem ver isso.
Com a Hebe chego depois, mas me divirto muito mais!
Ela até pode ter sido concebida como tal, mas assim como o filho de um militar se rebela e vira hippie, a Kombi abandonou o mundo efêmero dos carros do ano para se tornar um ícone, um estilo de vida.
Sua ligação com o universo alternativo vem desde a década de 1960. Esteve sempre estreitamente ligada ao sonho de liberdade, de paz e amor. Faz pouco de valores como potência, design, exclusividade ou ostentação.
A Kombi é naturalmente generosa, familiar, maternal. Transporta alegremente nove pessoas, até doze nos modelos mais modernos. Quando preciso, fornece abrigo e colo para viajantes sem pouso. Para isso, as modelo Luxo, como a minha Hebe, possuem cortininhas que preservam a privacidade do hóspede. Como tão bem escreveu um poeta que eu não me recordo o nome, Kombi, até quando morre é útil, vira quiosque.
A perua, como se dizia nos meus tempos de menino, não tem compromisso com a aerodinâmica, com a estética, com a velocidade, e infelizmente, nem com a economia.
Um motorista de Kombi tem que ter sensibilidade para entender que ela é uma companheira prestativa e temperamental, não uma máquina obediente. Uma Kombi de caráter se recusa ser pilotada ou dirigida. Ela quer ser conduzida. Como uma dama numa dança de salão. Sua direção com folga crônica obriga o condutor a delicadamente sugerir para onde pretende ir. Ela tem ritmo próprio. Não se constrange nas subidas, pede uma terceira lenta e barulhenta, ou ainda, uma segunda, e mata de vergonha o motorista que não assimilou seu espírito “ to nem aí”.
Mas ela não para, não desiste, vai sempre em frente, persistentemente... Até que a bomba de gasolina esquente e emperre. Mas isso faz parte de seu jeitinho de viajar, como uma vovó, que pára a cada 30 km para fazer xixi e se refrescar. Basta fazer uma pausa, apreciar a paisagem e colocar um paninho úmido sobre a bombinha enfartada, logo ela volta a funcionar. Falando em paninho, que é um dos itens indispensáveis para viajar com a Kombi, deve-se levar sempre uma correia do alternador, canivete suíço, alicate, chave inglesa, fita isolante, água-potável e um rolo de arame. Quase tudo que costuma quebrar nela se conserta com esse kit-sobrevivência. Para ficar emocionante mesmo, o ideal é levar apenas isso e esquecer o celular em casa.
Essas “rebordosas de velha hipponga” são perfeitamente aceitáveis se levarmos em consideração tudo que ela nos oferece. Além do que já contei lá em cima, tem o banco dianteiro inteiriço que é um verdadeiro sofá para se namorar enquanto dirige. Qual outro veículo tem isso hoje em dia?
Qualquer viagem de 100 km leva mais de uma hora e meia pra ser concluída, tempo suficiente até para se arrumar uma namorada, ela se aconchegar no seu ombro e mesmo cochilar com a cabeça no seu colo (leia o post A PRIMEIRA VIAGEM).
Quando amigos se reúnem nela, sempre aparece alguém com um violão. A Kombi permite que o artista viajante toque como se estivesse na sala de sua casa, há espaço de sobra e até acústica adequada, enquanto parada.
Por essas e por outras que reafirmo: Kombi não é carro. É um conceito, uma maneira mais humana, romântica e lenta de se deslocar de um lugar para outro. Só os poetas e os loucos podem ver isso.
Com a Hebe chego depois, mas me divirto muito mais!
Um comentário:
Super parabéns pelo blog!!! também curto, adoro e sou fã da kombi, tenho 29 anos, não vejo a hora de ter a minha kombinha, pois adoro viajar lentamente sempre aproveitando as belas paisagens deste Brasil. abraços e sucesso pra voce!
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