segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Os Amigos, Os Inimigos e Os Tolerados.

Foto de F. Monteiro em www. olhares.com


Meu filho me goza dizendo que eu sou um cara de “amizade fácil” e é verdade. Depois do muito prazer, meu nome é César, vou falando da minha vida, felicidades e dificuldades sem muito cuidado. Acho natural, não tenho (muito) que esconder ou me envergonhar.
Esse comportamento é um campo fértil para quem confunde bonzinho com bobinho e, ao longo do tempo, venho colecionando “tolerados”.

Há alguns anos, quando eu tinha uns trinta e poucos, época em que li inúmeros e idênticos livros de auto-ajuda, fui levado a concluir que eu era portador de uma baixíssima capacidade de perdão e que essa característica era a grande responsável pela sensação de “fragmentação do meu ser”.
Passei uma década ou mais me “auto-fodendo” por conta da minha suposta inabilidade de perdoar incondicionalmente. As pessoas me ferravam e, não bastante isso, eu me sentia incompleto, pecador e indigno por não conseguir “perdoa-las de coração”.
Hoje, que superei a segunda adolescência (dos 30 aos 40), concluí temporariamente que sou ruim em perdoar os traidores, os fracos, os canalhas, os mentirosos, os hipócritas e assemelhados exatamente porque não aceito esses comportamentos em mim.
Posso culpar ou louvar a inflexibilidade da educação que recebi de meus pais, o código de honra que absorvi de meus irmãos mais velhos que “pastam”, como eu, nas mesmas “campinas da verdade acima de tudo”, mas nenhuma das minhas dores me fará ser complacente comigo mesmo, muito menos com os outros.
Suporto e até convivo com as grandes mancadas e respectivos argumentos e desculpas, as fraquezas confessas ou não, porém de forma intelectual, técnica, mas lá dentro, em meu coração, quem trai, mente ou fraqueja nos negócios, na amizade ou no amor estará destinado ao meu “limbo pessoal”: Daqui pra frente tolero-te, e só.
Li em algum lugar que tolerar é a pior forma de odiar, pois não carrega sequer uma carga de emoção, é apenas desprezo dissimulado em cortesia e uso cuidadoso.

Cruel?

Não é bem assim.
Antes de tudo ofereci minha “amizade fácil e sincera”, como diz meu filho. Nunca prometi ser um babaca de estimação.

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